terça-feira, 28 de abril de 2009

o corpo humano
barro fervilhante
eletrizado
pelas tempestades cósmicas
& pela vibração
das asas da mosca
labirinto estupendo
tocha ofídea
aquário de símbolos para todos os gostos abissais ou rasos savanas conchas aguilhões
zoo ilógico mas concatenado nas orlas do absurdo
sempre
em todo lugar
templo

sábado, 25 de abril de 2009

que sejam silenciosas as chamas que ardem
que beijem com frescor de orvalho
para despertar os adormecidos
sob as folhas do outono

a semente desperta da terra ao olho do sol
de braços abertos a cria gira no compasso do prisma
carícia do cacho de vento na terra úmida
e o poema com o relevo deixado pela ponta de teus dedos
arde desde o fundo da solidão

terça-feira, 21 de abril de 2009

múltiplas escolhas
e apenas uma
ser
do jeito possível
que fomos moldados
no espinho das horas
nas cicatrizes da história

(e o véu da calúnia
cobre a petúnia
quando soam os sinos
da igreja em ruínas
e no lago entre as carpas que choram
leio a condenação
no peito do prisioneiro
onde antigamente
se aninhava seu coração)

o tempo descascado pelos anjos-marinheiros
saberá salivar sua justiça
mas jamais alcançará
as asinhas

de teu calcanhar

quinta-feira, 16 de abril de 2009

o outono chega
com estandartes de folhas secas em remoinhos
bailarinas farfalhantes flamejando
no carinho alaranjado do vento

destecendo as fímbrias de um minúsculo funeral
perninhas de vogais e consoantes fingidas
sentado na proa deste barco absurdo
de imensas hélices costuradas ao ouro do timão
singro o dia farpado o dia esburacado de silêncios